A BANANA VERDE COMO AUXILIAR NA PREVENÇÃO E COMBATE AO DIABETES
Uma tese de doutorado, uma dissertação de mestrado e a cooperação entre pesquisadores brasileiros, mexicanos e grupos de pesquisa ibero-americanos mostram que a ciência caminha a passos rápidos para buscar soluções a deficiências do corpo em produtos cada vez mais presentes na vida das pessoas. Os estudos sobre a banana verde, orientados pela pesquisadora Elizabete Wenzel Menezes, do Departamento de Alimentos e Nutrição Experimental, da Universidade de São Paulo (USP), chegaram a resultados que poderão auxiliar na prevenção de doenças como o diabetes.
Os trabalhos orientados pela pesquisadora receberam apoio do Programa Ibero-americano de Ciencia y Tecnología para el Desarrolo (CYTED), um ação de cooperação científica e tecnológica internacional do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O primeiro foi a tese de doutorado da pesquisadora Giselli Helena Cardenetti, que estudou Produtos derivados de banana verde (Musa spp.) e sua influência na tolerância à glicose e na fermentação colônica. O outro é a dissertação de mestrado da pesquisadora Milana Cara Tanasoy Dan sobre os Efeitos dos carboidratos de lenta digestão de banana/plátano verde sobre parâmetros do intestino grosso de ratos. Ambos trabalhos foram defendidos na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências dos Alimentos, em 2006 e 2007, respectivamente.
As pesquisas com a banana verde indicam que "os carboidratos não-disponíveis presentes na banana verde exercem efeitos positivos sobre a fisiologia do intestino grosso de animais, apontando a possibilidade de utilização dessa matéria-prima na elaboração de alimentos voltados para a prevenção de determinadas doenças crônicas não-transmissíveis", explica a professora Elizabete Menezes.
Farinhas de banana
Os estudos basearam-se em duas amostras de farinhas, feitas a partir do tratamento da banana verde. A primeira farinha foi feita de Amido Isolado de Banana Verde (ABV), obtido de uma planta piloto do México com o fruto local chamado "plátano". A segunda foi feita a partir de uma Massa de Banana Verde (MBV), variedade Nanicão, obtida após cozimento em água e com casca, descascada, homogeneizada e seca. "Tratam-se de farinhas de banana verde com tratamentos específicos e não de bananas in natura", explica Elizabete Menezes.
Com estas farinhas, as pesquisadoras elaboraram rações e administraram em animais, no caso ratos machos Wistar, por 28 dias. "Os efeitos fisiológicos das rações foram avaliados por curvas de resposta glicêmica, teste de tolerância à glicose (TTG) e perfil de fermentabilidade in vivo. Paralelamente, foi realizada análise histológica de tecido do ceco dos animais para avaliação da proliferação celular", completou a pesquisadora.
Sobre as rações, as pesquisadoras avaliaram suas concentrações de Amido Resistente, Fibra Alimentar e Fração Indigerível e determinaram o perfil de fermentação in vitro no laboratório. Ambas apresentaram alta concentração de carboidratos não-disponíveis, aqueles que o organismo não consegue digerir e absorver naturalmente, diferentes em quantidade e qualidade, mas com alta fermentação. "Esta alta fermentabilidade foi evidenciada pelo aumento da produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) e diminuição de pH tanto in vitro ou in vivo", adiantou Elizabete.
Segundo a pesquisadora, a avaliação dos resultados mostrou efeitos tróficos para o intestino grosso dos animais. "Estas rações, com alta concentração de carboidratos não-disponíveis e fermentáveis, proporcionaram menor secreção de insulina pelas ilhotas pancreáticas dos animais, bem como redução nos níveis de insulina plasmática para manter glicemias semelhantes", finaliza.
Teste em humanos
O projeto caminhará agora para uma avaliação de forma mais detalhada e ampla da potencialidade da farinha da banana verde como um ingrediente funcional, com ensaios clínicos em humanos. Segundo a pesquisadora Elizabete Menezes, o projeto tecnológico para produção da farinha, em escala piloto, já foi padronizado e os ensaios clínicos com humanos já foram validados em outros projetos do grupo e estão sendo iniciados no Laboratório de Química, Bioquímica e Biologia Molecular da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, da Universidade de São Paulo.
Cooperação internacional
O estudo desenvolvido pelas pesquisadoras faz parte do projeto Composição, Estrutura, Propriedades Biológicas de Carboidratos e sua Utilização em Alimentos, apoiado pelo CYTED e CNPq, com a coordenação internacional do professor Franco M. Lajolo e com a nacional da professora Elizabete Menezes. O projeto, finalizado em 2006, teve como meta o estudo de fontes regionais de carboidratos e contou com o apoio de grupos de pesquisa ibero-americanos, os quais possibilitaram a troca de informações científicas e de métodos analíticos entre os grupos e o estudo realizado no Brasil, além do fornecimento de farinhas produzidas por outros países.
Um dos produtos de banana estudados, o amido isolado de plátano verde, foi elaborado e fornecido pelo Instituto Politécnico Nacional, da cidade de Yautepec, do Estado de Morelos (México).
Atualmente, a pesquisa que está em andamento, com apoio do Programa CYTED, do CNPq, e dará continuidade aos resultados obtidos com os animais no estudo sobre a banana, passando para a realização de estudos clínicos em indivíduos saudáveis, é o projeto Bases Científicas e Tecnológicas para Produção de Alimentos Funcionais a partir de plátano/banana verde, coordenado internacionalmente pelo professor Franco Lajolo e nacionalmente também pela professora Elizabete Menezes.
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